O que restará para as crianças dessa pandemia?

Uma pergunta capciosa, mas real. 

Em muitas casas foi possível, ‘aos trancos e barrancos’ levar a pandemia. Explicar a eles do que se tratava. Dependendo da ideia se optou por dizer coisas mais simples, mais amenas, do tipo: “um bicho está solto por aí e a partir de agora, ao sair tem que por essa máscara, e ficaremos muitooo mais tempo em casa! Ah e a escola será por computador!”

E depois disso, tudo pode ter mudado na cabeça deles, afinal, computador, celular, antes era algo fechado em muitas casas, com horário restrito.

Agora a aula, que era aquele momento, onde eles tinham a maior interação com outras crianças passou a ser por ali. E não teve como evitar os reflexos disso.

No começo e para os menores as perguntas eram:  

“E como assim o dia todo em casa? E Meus pais também ficarão em casa?”

Foi aí que os questionamentos chegaram, ou no mínimo para aquelas crianças     que não são do tipo de perguntar, ficaram com as dúvidas na cabeça! 

Não estávamos (ou ainda não estamos) preparados para respondê-las, muitos efeitos apareceram. 

Dentro do conceito da UNIFEC de que “Vida Familiar importa mais do que tempo de tela”, imagina-se que muito mudou e segundo a a pediatra Evelyn Eisenstein: “As perguntas mudaram”, em entrevista para a BBC – Brasil, a professora-associada da Uerje, uma das responsáveis pelo Manual Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital, da Sociedade Brasileira de Pediatria contou:

“A pergunta que tenho feito hoje em dia para crianças e adolescentes no consultório não é mais o quanto tempo passam na tela, mas sim ‘quanto tempo você passa desconectado?’. Considerando as atividades básicas e 9 horas de sono, teria que passar pelo menos metade do dia desconectada”

O outro lado do acesso às telas e internet foi trazido pela pesquisa  “Crianças, Mídia e COVID-19”, realizada pelo Instituto Central Internacional de Televisão para a Juventude e a Educação, da Bavarian Broadcasting Cooperation e a Fundação Prix Jeunesse, direcionada para crianças de 9 a 13 anos, e sugere outra realidade revelando também que o acesso ao conhecimento básico sobre o novo coronavírus e sobre as formas de proteção contra a contaminação, oferecidas pelas mídias, ajudaram a deixá-las menos preocupadas.

Em muitos lugares as aulas já voltaram, com profissionais do setor contra e a favor, com mães e pais alguns com receio e outros felizes, mas o que será que ficará na memória afetiva deles…

Um tempo de desgaste? Uma perda de um pedaço da infância? Ou passarão por cima para seguir em frente cada um dentro do que já era mesmo para ser sua realidade? 

Que essas não sejam só perguntas. Sejam inquietações para aproximar o que hoje são grandes desigualdades brasileiras.